quarta-feira, 12 de maio de 2010

Comentário sobre o texto de Canclini - 13 de maio

Conforme nos aponta Canclini, o processo de globalização está assentado em paradoxos. Longe de ser homogêneo, ele traz em si aspectos conflituosos e insere os sujeitos e os estados nacionais em inúmeras crises, como a da identidade e a da subsistência das nações no contexto de uma totalidade, como bem destacaram Hall(1997) e Ortiz(2008). Sob essa perspectiva, podemos afirmar que não só a economia se globaliza mas também a cultura, a mídia, as artes, a cidadania, o mercado editorial, as pesquisas científicas, num movimento que se constitui de forma ambígua, distinta e desigual. Daí podemos destacar o fortalecimento dos meios de comunicação de massa como fonte de consumo da sociedade globalizada, transformando-os numa espécie de espaço público da globalização, em que identidades e culturas são apresentadas como homogêneas e, consequentemente, adquirem legitimidade. E dentro desse contexto podemos falar em receptores/as midiáticos como ““públicos” ou “audiências em vários países ao mesmo tempo” (CANCLINI, p.26). Há ainda uma consolidação da produção científica e tecnológica dos centros globalizadores, nos quais se destacam Estados Unidos, Europa e Japão, alçados à condição de modelos transnacionais. Essa mesma condição é assegurada pela lógica publicitária e pela indústria de entretenimento, como música e cinema, em que são formados o mercado consumidor global tanto de produtos materiais como simbólicos. Por outro lado, a legitimação de uma suposta “identidade simbólica comunitária” acarreta rupturas e instabilidades como o enfraquecimento das identidades locais, a desestruturação das produções culturais tradicionais e um desinteresse pela participação política e seus instrumentos como partidos, sindicatos e movimentos sociais. É nesse sentido, então, que podemos compreender o processo de globalização inserido em controversas relações de poder, em que há uma diferença quantitativa e qualitativa da participação dos Estados Nacionais nesse processo, o qual desestabiliza os sujeitos, as culturas locais e enfraquece a participação política e social.

James Deam Amaral Freitas

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