quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dando continuidade às nossas discussões...

Tomando como referência o texto de Braj Kachru, como vocês entendem o termo diáspora?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

textos de 27 de maio

1) Em relação aos capítulos do livro de Canclini, discuta o termo "interculturalidade". Faça uma discussão intertextual, considerando o termo "transculturalidade" proposto por Cox e Assis-Peterson.

2) Em relação ao texto de Sorensen, discuta o termo "mulitlinguismo". Faça uma discussão intertextual, considerando os termos "bilinguismo" e "diglossia" encontrados em textos anteriores (Ortiz, Romaine).

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Subvertendo a proposta de discussão do blog, gostaria de tecer alguns comentários sobre o texto de Cox e Assis-Peterson (2007), especificamente no que se refere às noções de transculturalidade e interculturalidade, mais especificamente ainda, quando utilizadas para analisar a situação de contato entre povos de diferentes culturas (portanto, entre diferentes línguas) em situações historicamente construídas com base em assimetrias sociais e políticas.

Segundo as autoras, “conceitos como pluralismo cultural, diversidade cultural, multiculturalismo ou interculturalidade” não parecem “capazes de traduzir realidades de mundos mesclados, de culturas mestiças” (p.35), bem como a fluidez, o trânsito, a circulação e a troca que marcam as relações entre culturas, características inequívocas de sociedades que se constituíram a partir de processos de colonização, como é o caso dos países latino-americanos. Para as autoras, o termo transculturalidade seria o mais próximo para a tradução dessas realidades híbridas, desses “mundos mesclados”.

Apesar de considerar fundamental a proposta de reconhecimento da dinamicidade das interações entre culturas (i.e. entre línguas) diferentes, uma vez que os sistemas culturais não podem ser observados a partir de uma ótica essencialista, encerrados em si mesmos e estáticos, considero acrítica a abordagem transcultural das autoras, especialmente quando aplicadas à interpretação das relações entre culturas minorizadas e majoritárias, por não considerar as relações originadas e perpetuadas por processos de dominação e assimilação, bases do colonialismo, e que não podem, ao meu ver, serem negligenciadas.
Baseio minha perspectiva em dois argumentos. Primeiro, a forma como as autoras concebem, ou pelo menos apresentam neste texto, as relações entre as culturas não considera as relações de poder nelas envolvidas. Assim, pode-se concluir que o fluxo de interinfluências, de trânsito, de troca de uma cultura em/com outra seria multidimensional, ou ao menos bidirecional. Ora, a história das sociedades latino-americanas, bem como a situação atual de inúmeros povos minorizados desta região, nos dão provas suficientes de que, até o momento, o fluxo da “mesclagem” ou da “mestiçagem” cultural segue a mesma tendência das relações políticas e socioeconômicas estabelecidas entre as diferentes culturas, ou seja, de uma se sobrepondo a outras dentro dos territórios nacionais. Assim, a noção de transculturalidade não capta a desigualdade dos intercâmbios (se é que podem ser assim nomeados) culturais, pois negligencia as relações de poder que tornam esse intercâmbio unidirecional. A direção todos e todas nós sabemos bem! Diante desta proposta, levanto as questões: Teriam povos política e socioeconomicamente minorizados algum poder de escolha, decisão ou influência nas trocas e intercâmbios culturais? Podemos identificar elementos culturais (linguísticos, epistemológicos, cosmológicos, filosóficos, etc. etc. etc.) oriundos de povos minorizados em culturas majoritárias, historicamente dominantes, que não caiam na categoria de “exótico” ou “folclórico”, como o campo das manifestações artísticas, por exemplo?

Também a noção de transglossia (p. 42), “batizada” por analogia à noção de transculturalidade me parece ingênua ao propor “um conceito que agarre a vida de uma língua em seu estado de fluxo, que nos permita pensá-la como líquido e não como sólido”, que propõe que imaginemos “as línguas em contato como línguas que vazam uma na outra [...], como rios que correm e se misturam indistintamente com outros rios”. Especialmente neste caso, considero desnecessários argumentos que demonstrem a tendência dos “vazamentos” (também unidirecionais) de uma língua na outra, basta apenas que olhemos com um pouco mais de senso crítico, por exemplo, a situação sociolinguística atual das línguas indígenas no Brasil. Considero inconcebível uma análise de línguas em contato em sociedades marcadas por desigualdades sem o questionamento prévio das naturezas próprias dessas desigualdades.

Um segundo argumento para o questionamento das propostas conceituais das autoras se baseia na constatação de uma má interpretação da noção de interculturalidade como não sendo capaz de captar a interação entre povos culturalmente diferentes. Ao meu ver, as autoras operam ( se é que operam!) com um sentido funcional de interculturalidade, inadequado para situações de assimetria política, social, econômica e cultural.

Desde uma perspectiva latino-americana, Albó (2005, p. 47-48) define a interculturalidade como qualquer relação entre pessoas ou grupos sociais de culturas diferentes e, por extensão, as atitudes de pessoas e grupos de uma cultura referentes a elementos de outra cultura. De acordo com o autor, as relações interculturais são negativas quando levam à destruição, assimilação ou diminuição do que é diferente e positivas quando levam ao respeito e ao enriquecimento mútuo, a partir de um intercâmbio enriquecedor. Tubino (2004), no entanto, adverte que o conceito de interculturalidade deve ser tomado desde uma perspectiva crítica, especialmente num contexto de luta por direitos historicamente negados, como é o caso, por exemplo, nas relações estabelecidas entre os diversos povos indígenas brasileiros com a sociedade não-indígena.

Esta postura crítica em relação ao reconhecimento das relações entre diferentes culturas é necessária, em suas palavras, porque “[a] as diferenças entre o interculturalismo funcional e o interculturalismo crítico são substantivas. O ponto de partida e a intencionalidade do interculturalismo crítico é radicalmente diferente. Enquanto o interculturalismo neoliberal busca promover o diálogo sem tocar nas causas da assimetria cultural, o interculturalismo crítico busca suprimi-las. [...] Para tornar o diálogo real, há que se começar por visibilizar as causas do não diálogo. Em outras palavras, há que se começar por identificar e tomar consciência das causas contextuais de sua inoperância. Há que se começar por recuperar a memória dos excluídos, por visibilizar os conflitos interculturais do presente como expressão de uma violência estrutural mais profunda, gestada ao longo de uma história de desencontros e postergações injustas (TUBINO, 2004, p. 6-7).

Neste mesmo sentido, Fornet (2000 apud TUBINO, 2004, p. 6) reconhece que “[n]ão há, por isso, que se começar pelo diálogo, mas com a pergunta sobre as condições do diálogo. Ou, dito com maior exatidão, há que se exigir que o diálogo entre as culturas seja, de início, um diálogo sobre os fatores econômicos, políticos, militares, etc., que condicionam atualmente o intercâmbio franco entre as culturas da humanidade. Esta exigência é imprescindível atualmente para que não se caia na ideologia de um diálogo descontextualizado, que favoreceria apenas aos interesses da civilização dominante, ao não considerar a assimetria de poder que reina hoje no mundo.”

A forma como apresentadas as noções de transculturalidade e transglossia parecem, assim, ao meu ver, não considerar a unidirecionalidade das relações culturais em contextos de iniquidade. Penso que ao considerarmos os contextos latino-americanos e, especificamente, o brasileiro contemporâneo, como proposto pelas autoras, não há mesmo do que se ter nostalgia na compreensão das fricções linguístico-culturais. Criticidade, no entanto, considero fundamental, pois, caso contrário, não perceberemos como um simples “crique” pode ser um índice de desigualdades, discriminação e exclusão linguística (portanto social...).

André Marques do Nascimento.

Comentário sobre o texto de Canclini - 13 de maio

Conforme nos aponta Canclini, o processo de globalização está assentado em paradoxos. Longe de ser homogêneo, ele traz em si aspectos conflituosos e insere os sujeitos e os estados nacionais em inúmeras crises, como a da identidade e a da subsistência das nações no contexto de uma totalidade, como bem destacaram Hall(1997) e Ortiz(2008). Sob essa perspectiva, podemos afirmar que não só a economia se globaliza mas também a cultura, a mídia, as artes, a cidadania, o mercado editorial, as pesquisas científicas, num movimento que se constitui de forma ambígua, distinta e desigual. Daí podemos destacar o fortalecimento dos meios de comunicação de massa como fonte de consumo da sociedade globalizada, transformando-os numa espécie de espaço público da globalização, em que identidades e culturas são apresentadas como homogêneas e, consequentemente, adquirem legitimidade. E dentro desse contexto podemos falar em receptores/as midiáticos como ““públicos” ou “audiências em vários países ao mesmo tempo” (CANCLINI, p.26). Há ainda uma consolidação da produção científica e tecnológica dos centros globalizadores, nos quais se destacam Estados Unidos, Europa e Japão, alçados à condição de modelos transnacionais. Essa mesma condição é assegurada pela lógica publicitária e pela indústria de entretenimento, como música e cinema, em que são formados o mercado consumidor global tanto de produtos materiais como simbólicos. Por outro lado, a legitimação de uma suposta “identidade simbólica comunitária” acarreta rupturas e instabilidades como o enfraquecimento das identidades locais, a desestruturação das produções culturais tradicionais e um desinteresse pela participação política e seus instrumentos como partidos, sindicatos e movimentos sociais. É nesse sentido, então, que podemos compreender o processo de globalização inserido em controversas relações de poder, em que há uma diferença quantitativa e qualitativa da participação dos Estados Nacionais nesse processo, o qual desestabiliza os sujeitos, as culturas locais e enfraquece a participação política e social.

James Deam Amaral Freitas

terça-feira, 11 de maio de 2010

Texto para dia 13 de maio

Canclini (2003, p. 21) faz a seguinte pergunta, "O que se pode esperar desse enfraquecimento dos Estados nacionais, da impotência dos cidadãos e da recomposição globalizada do poder e da riqueza?" Segundo o texto, discuta as possíveis respostas para essa pergunta.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Comentários sobre os textos de 29 de abril - Whorf e Martin-Jones

1. Esse fragmento respalda-se na teoria de que o pensamento é dependente da linguagem, expressa inicialmente nos escritos de Edward Sapir e ampliada por Benjamim Lee Whorf a partir, sobretudo, de suas pesquisas sobre uma língua indígena da América do Norte, o Hopi. Com esse estudo, ele pôde constatar que não havia na língua Hopi a categoria de tempo verbal, já que a noção de tempo, formulada pela cultura do pesquisador, era alheia à cultura dos falantes de Hopi. Tal constatação induziu a tese de que a percepção que o indivíduo tem da realidade é moldada pelo sistema linguístico, ou seja, pensamos e experimentamos o mundo conforme a língua que falamos. Seguindo essa concepção, pode-se ainda adotar outro exemplo exposto por Whorf: a variedade de termos utilizados pelos Esquimós para designar neve. No universo esquimó, a neve é uma realidade abundante e fundamental, por essa razão, esse referente é categorizado de forma mais específica do em outras culturas, em que inexista a neve ou em que ela constitua apenas uma imagem rara. Sob a influência desses exemplos, é possível desvendar o pensamento de Whorf de que sistemas linguísticos substancialmente diferentes resultam em diferenças conceituais que moldam a mente dos falantes e suas concepções de mundo de modo distinto, assim como ele mesmo defende: “Esculpimos a natureza em conceitos porque somos membros de uma dada comunidade lingüística que combinou organizar as coisas deste modo – um acordo que se mantém estável por toda a comunidade lingüística e se encontra codificado na língua.” (Whorf, 1956, p.213)

2. O texto de Martin-Jones reforça nossas discussões sobre a questão do bilinguismo justamente por admitir que a abordagem desse fenômeno deve levar em consideração não somente os aspectos lingüísticos e pragmáticos, mas, sobretudo, a contextualização sócio-cultural, as relações de poder e a constituição das identidades. Nesse sentido, a autora assume a complexidade do tema ao apresentar as práticas de língua escrita de jovens de um grupo linguístico minoritário de uma cidade britânica, Leicester, os quais são bilíngues em inglês e gujarati. De acordo com essa investigação, podem ser percebidos os usos diversificados que os jovens fazem da escrita, além dos limites da escola e da universidade, de acordo com os interesses e/ou necessidades pessoais, as heranças culturais, a lealdade linguística e a proficiência escrita. Isso revela que a produção escrita por indivíduos bilíngues constitui uma prática social que contribui para a construção de identidades e valores sociais. Tudo isso nos conduz à necessidade de problematizar o bilinguismo e concebê-lo como um fenômeno dinâmico cujas implicações sócio-culturais vão além de uma visão neutra e estável. Além disso, é necessário considerar o próprio processo de escrita como uma prática de significação, em que sujeitos e sentidos constituem-se simultaneamente, e, por isso mesmo, exposta a transformações, (re)apropriações e rupturas, tal qual foi demonstrado pelas variadas experiências de escrita dos jovens pesquisados.

James Deam A. Freitas

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Questões para os textos do dia 29 de abril

Questão sobre o texto de Benjamin Lee Whorf:
"The categories and types that we isolate from the world of phenomena we do not find there because they stare every observer in the face; on the contrary, the world is presented in a kaleidoscopic flux of impressions which has to be organized by our minds - and this largely by the linguistic systems in our minds" (p. 213). Comente esta citação à luz da teoria de Whorf sobre a língua e o pensamento.

Questão sobre o texto de Marilyn Martin-Jones:
"He querido también demostrar que las prácticas de lengua escrita en diferentes idiomas tíenen sus raíces en tradiciones históricas y culturales específicas, pero los jóvenes recurren a estos usos de la lengua escrita de modos diversos..." (p. 90). Comente esta citação à luz das discussões que já tivemos sobre bilinguismo.