quinta-feira, 22 de abril de 2010

Questões para os textos do dia 29 de abril

Questão sobre o texto de Benjamin Lee Whorf:
"The categories and types that we isolate from the world of phenomena we do not find there because they stare every observer in the face; on the contrary, the world is presented in a kaleidoscopic flux of impressions which has to be organized by our minds - and this largely by the linguistic systems in our minds" (p. 213). Comente esta citação à luz da teoria de Whorf sobre a língua e o pensamento.

Questão sobre o texto de Marilyn Martin-Jones:
"He querido también demostrar que las prácticas de lengua escrita en diferentes idiomas tíenen sus raíces en tradiciones históricas y culturales específicas, pero los jóvenes recurren a estos usos de la lengua escrita de modos diversos..." (p. 90). Comente esta citação à luz das discussões que já tivemos sobre bilinguismo.

7 comentários:

  1. Para responder o 1º questionamento podemos começar com outro questionamento, pois segundo Stenberg (2000), existem questões que ainda causam vislumbramento para os psicolingüistas, e uma deles se segue: "se uma pessoa pode falar e pensar em duas línguas, essa pessoa pensa diferentemente em cada língua? Realmente, os bilíngües - pessoas que falam duas línguas - pensam de modo diferente dos monolíngues - pessoas que podem falar apenas uma língua?" (STENBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000)
    Bom sabemos que as diferentes linguas possuem diferentes estruturas lexicais e sintaticas. O determinismo linguistico, tambem conhecido como a teoria de Sapir-Whorf, afirma que o pensamento das pessoas são determinados pelas diferentes categorias que são permitidas pela lingua, e que em sua versão mais fraca, o relativismo linguistico, afirma que a diferença nas linguas causa a diferença nos pensamentos dos individuos.
    Esse caleidoscopio de impressoes é, de certa forma, recebido e interpretato, e pode ser reinterpretado de acordo com a estrutura linguistica inerente ao individuo.
    É interessante percebermos e interpretar(tambem a nós mesmos) se fazemos acepções de interpretações de significados em nossa realidade pessoal, como interpretamos certos fatores em lingua portuguesa, e como esta mesmo informação e interpretada se refletirmos sobre ela em lingua inglesa?
    O bilingue filtra as informacoes em seu pensamento diferentemente do individuo monolingue? Confesso que estes questionamentos são novos e estou no processo de aprende-los, por isso me desculpe qualquer dificuldade de expressão, talvez, segundo Pinker (2002)'o que queríamos dizer' diferente do que dissemos. Nem sempre é fácil encontrar as palavras que expressam adequadamente um pensamento." (2002, p.62)(PINKER, Steven. O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002)

    Ricardo Wobeto

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  2. 2) A professora Marilyn Martin- Jones da escola de educação em linguas da Universidade de Birmingham em seu texto fala sobre uma comunidade de caracteristica minoritaria na cidade de Leicester, que se comunicam em ingles e em guzerate(lingua indo-ariana, sendo a 23º lingua mais falada no mundo, cerca de 46 milhoes de pessoas fala esta lingua).
    Este texto aborda as questoes e aborgagens sobre o bilinguismo que temos feito em sala de aula.
    Devemos compreender o contexto da sociedade e da cultura estabelecida na cidade de Leicester, como a sua comunidade é formada e como estas relaçoes sociais se estabelecem e não unicamente observar os aspectos linguisticos e o pragmatismo que a lingua guzerati propões na comunicação, mas tambem a formação de identidade da comunidade local.
    O processo de utilização da lingua guzerati na sua forma escrita extrapola os meios academicos e escolares, segundo a pesquisa da prof. Martin Jones. Esta utilização esta intrisicamente ligada aos interesses e necessidades, principalmente, dos jovens.
    Este tipo de pesquisa reforça que a utilização da lingua por individuos bilingues advem de suas acoes sociais e seus relacionamentos que modificam seus valores sociais e sua estruturação identitaria.
    O processo do bilinguismo não e estatico, e sim, em movimento, criando desta forma, sempre embates socio historicos em relação a origem tradicional e cultural da lingua minoritaria.
    Dentro desta comunidade de jovens em Leicester a pesquisadora comprovou que a utilização da escrita constitui-se em um (re) significação de no momento da comunicação onde esta escrita esta passivel de transformaçoes, pois sempre se encontra exposta a desapropriacoes e apropriacoes de novos sentidos.

    Ricardo Wobeto

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  3. Questão sobre o texto de Benjamin Lee Whorf:
    "The categories and types that we isolate from the world of phenomena we do not find there because they stare every observer in the face; on the contrary, the world is presented in a kaleidoscopic flux of impressions which has to be organized by our minds - and this largely by the linguistic systems in our minds" (p. 213). Comente esta citação à luz da teoria de Whorf sobre a língua e o pensamento.
    Se meu modesto entendimento da teoria de Whorf estiver no rumo da correção, a citação acima é, de certa forma, o resumo dela. Pois Whorf quer dizer que os fenônemos não estão aí para serem óbvia e universalmente apreendidos, mas que a mente humana os organiza de acordo com seu sistema lingüístico. O exemplo dado por ele na página 215 é bastante interessante, a respeito do modo como o inglês organiza a linguagem em termos de nomes e verbos, desta forma dividindo o universo em ações e estados. O autor começa ponderando que, ontologicamente as coisas não são assim tão polarizadas. Depois, com exemplos dos idiomas Hopi e Nootka, ele demonstra que há modos bastante diversos de enxergar as coisas. A conclusão de Whorf fica no meio dos exemplos, e não no final: “não é possível definir ‘evento, coisa, objeto, relacionamento,’ e assim por diante, a partir da natureza, mas que definir tudo isso forçosamente envolve um retorno às categorias gramaticais da linguagem do definidor”. (p. 215).

    Questão sobre o texto de Marilyn Martin-Jones:
    "He querido también demostrar que las prácticas de lengua escrita en diferentes idiomas tíenen sus raíces en tradiciones históricas y culturales específicas, pero los jóvenes recurren a estos usos de la lengua escrita de modos diversos..." (p. 90). Comente esta citação à luz das discussões que já tivemos sobre bilinguismo.
    À minha maneira desacademicizada de pensar e escrever, percebo, baseado nas leituras e discussões que temos feito, que se há uma regra sobre o resultado das interações linguísticas e culturais decorrentes do bilinguismo, é que não há regra. Ou pelo menos, devemos desconfiar das regras. Pois os frutos do bilinguismo dependem da imprevisibilidade do ser humano, e em muitos contextos, certas convicções são abaladas pelo que se observa, como coloca Martin-Jones: “Enfatizei também a fluidez e mutabilidade das lealdades culturais dos jovens e, por conseguinte, de suas práticas de língua escrita. À medida que transcorre sua adolescência, suas lealdades mudam. Porém, como demonstrei nos casos de Trisha e Jamal, esta mudança não vai necessariamente na direção dos usos da língua escrita associados à cultura dominante”(meu grifo). (p. 90)
    Onésimo Ferraz

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  4. 1 - De acordo com Sapir e mais tarde ampliado por Whorf, podemos entender que a expressão lingüística e o conteúdo do pensamento sofrem muitas influências do próprio idioma em que o indivíduo se expressa, o que nos remete ao relativismo lingüístico de sua hipótese. Acredito que essa afirmação estabelece bem as bases da referida teoria. Sendo assim, o contato com uma cultura (ou língua) diferente é muito importante para poder reconhecer as características nela existentes. Nós possuímos uma maneira de interpretar a realidade existente em algum fenômeno por comumente concebermos o mundo a partir de nossa cultura. Dessa forma, o mundo que damos por conhecido em nossa vida cotidiana seria uma de suas possíveis interpretações. Whorf diz que os fenômenos não estão aí para serem óbvios e universalmente apreendidos, mas que a mente humana os organiza de acordo com seu sistema. Nesse caso, há contemplações realizadas pelo próprio autor ao atentar para o fato de que a mesma formação lingüística deve o critério para a similaridade de pensamento entre dois observadores. A subdivisão do mundo em conceitos parece ser algo natural, e o autor prevê essa consideração nas linhas a seguir ao afirmar que nós esmiuçamos a natureza e a organizamos em conceitos, atribuindo-lhe significados da maneira que o fazemos porque, de certa forma, temos subscrito um contrato para organizá-la deste modo, de acordo com nossa comunidade lingüística e que está codificado nos padrões de nossa língua. Como é óbvio, tal contrato é implícito e não declarado, mas suas condições são absolutamente obrigatórias. (213).


    2 - Não há como estabelecer parâmetros nem orais nem escritos para o bilinguismo. Por detrás do bilingüismo, há um ser que possui essas línguas à sua disposição para utilizar em qualquer instância, em qualquer lugar e contexto, e se dirigir a qualquer pessoa ou fazer referência que seja. Lembrando que esse indivíduo que possui fluência em duas línguas constitui-se de um perfil social, histórico, político, ideológico e cultural, e essas representações, inclusive de identidade, cooperam (in) conscientemente nessa produção.
    Hélvio

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  5. 1. Ao longo de seu texto, Whorf nos propõe uma idéia de que a linguagem não serve meramente ao mundo, ou nas idéias que por ele se expressa. Ao contrário, ele diz que a linguagem é responsável pela forma que as idéias ganham no mundo; nós dissecamos a natureza do nosso mundo por meio das nossa línguas maternas. De certa forma, ele afirma que a nossa experiência com o mundo é mediada pela linguagem e não o mundo que produz a nossa lingaugem. E a cada língua diferente nos faz perceber ou sentir o mundo de forma singular. Isso porque cada sistema linguistico pressupões alguns elementos em detrimentos de outros (no portugues não existem fonemas interdentais, diferentes tipos de neve ou areia, possui tempos verbais, porém não possui o passé composé, o mesmo sentido do present perfect etc) A nossa língua nos faz experienciar o mundo de certa forma que outra língua é incapaz (vice-versa) Os aspectos culturais envolvidos na linguagem para Whorf são de extrema importância para a natureza de cada lingua e de cada cultura. Ao sermos impedidos de nos referenciarmos aos diversos tipos de pamonha existentes ou empadão em línguas como Popoluca da Serra, Javaé (se for o caso), Javanês entre outras, nos mostra que cada língua podruz o seu mundo único e é por isso que nem tudo pode ser traduzido como se as linguas fossem meras composições logicas em que A sempre quer dizer B (A=B). Como poderíamos talvez expressar bucheiro em Francês, se o termo se prende totalmente a um retrato da cultura brasileira? É neste momento que devemos lembrar de Saussure quanto sua formulação dos valores lingusiticos que as linguas estabelecem entre si. A exemplo, comumente eu ouço ou leio diversos tipos de Berry (raspberry, blueberry, blackberry) apenas ouvir a palavra e talvez saber so seu signficado nao significa que deva existir uma ligação entre a minha experiência do objeto e a linguagem. Isso nos faz lembrar da célebre frase de Wittgeinstein em que disse que "os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo"

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  6. 2. Nesta parte do artigo percebemos que as raízes culturais promovidas pela história são constantemente produzidas na nossa escrita, na nossa forma de ver, compreender, sentir e desenhar o mundo. É por isso que a transferência de uma língua para outra deve ser compreendida além da sintaxe, além da semântica, além do morfema etc. Ela tem suas raízes dentro da cultura que somos inseridos. É neste momento que a produção escrita bilingue sempre tende a variar daquela monolingue, pois enquanto uma é ouriunda de apenas um arcabouço cultural a outra mescla, em diferentes graus, as duas culturas. É por isso que produzimos uma escrita em L2 única, talvez porque a nossa forma de ver o mundo se torna híbrida quando entramos em contato com duas formas (duas formas) de ler o espaço. Assim, se dois falantes de L1 distintas se tornarem letrados em Japonês, por exemplo, eles produziram aspectos culturais distintos no produto final em Japonês, não só por serem pessoas de identidades distintas, mas, contudo, por possuim uma linguagem cultural também distinta. Quando falamos, ou escrevos, marcamos a nossa lingaugem, expomos o nosso brasão, mostramos a nossa identiade cultural. É impossível falar e não produzir algo sobre a sua própria cultura. Ela está sempre arraigada em nós.

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  7. Seguem as minhas respostas:


    1) Esta afirmação representa uma síntese do pensamento de Benjamin Lee Whorf acerca da relação entre língua e cultura. Em sua concepção, é através da língua que captamos as impressões oferecidas pelo mundo, as quais são construídas com base em nossas peculiaridades linguísticas. Nessa perspectiva, a língua se configura como “formadora de ideias e conceitos”, isto é, como uma espécie de “estrutura” por meio da qual somos levados/as a dar significado às coisas e, assim, a nos reconhecer como membros de um determinado grupo cultural. A título de exemplo, os esquimós diferenciam vários tipos de neve, tais como neve cadente, neve no chão, neve lamacenta e neve controlada pelo vento. Para eles, em cada uma dessas circunstâncias a palavra “neve” se remete a conceitos diferentes; desse modo, na cultura dos esquimós, a neve que está no chão não possui o mesmo referente da neve que cai do céu, o que para falantes de outras línguas, tais como português, inglês e francês, soaria no mínimo como algo “estranho”. No entanto, à luz da teoria de Whorf, esse tipo de peculiaridade não detona “estranheza”; ele prova que falantes de línguas diferentes constroem suas percepções simbólicas de maneiras também distintas. Em outras palavras, como já mencionado, a língua funciona como “formadora de ideias e conceitos”, moldando as formas como enxergamos o mundo.


    2) Afinal, o que é bilinguismo? Quais são os critérios utilizados para se definir um falante bilíngue? Essas são algumas das questões sobre as quais temos discutido no decorrer das últimas aulas. Assim, com base nessas discussões, podemos afirmar que o indivíduo bilíngue se depara com vários conflitos linguísticos e identitários ao longo de sua vida. Nesse sentido, ser bilíngue não se trata apenas de “dominar” duas línguas diferentes, mesmo porque essa definição de bilinguismo, pautada na ideia de “falante perfeito”, tem sido amplamente criticada nos últimos anos. Martin-Jones, por exemplo, em sua pesquisa sobre o papel da escrita na vida (escolar e familiar) de jovens bilíngues em inglês e gujarati (que vivem em Leicester, uma cidade britânica), nos mostra como as questões de bilinguismo estão diretamente relacionadas à cultura, à identidade e às necessidades do indivíduo bilíngue. A título de ilustração, no trecho em destaque, vemos que os/as participantes desta pesquisa se valiam da escrita em inglês e/ou em gujarati com diferentes propósitos e em situações também diversas, de modo que essa prática se vinculava, de alguma forma, a suas tradições culturais e históricas. Por isso, é preciso que consideremos o fenômeno do bilinguismo não como uma forma de “comunicação eficiente” em duas ou mais línguas, mas como uma possibilidade de construção e afirmação de valores e identidades sociais, especialmente em se tratando do processo da escrita, que opera, sobretudo, como prática social.

    Marco Túlio de Urzêda Freitas

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